O que é ser leitor? reflexões sobre a concepção do sujeito leitor condicionado ao livro e não a leitura do mundo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.62758/re.v3i3.245

Palavras-chave:

Mediação de Informação, Mediação da Leitura, Práticas de Leitura, Leitor-Narrador, Leitor-Ouvinte

Resumo

Passamos a vida toda como leitores, e essa afirmação não se refere só a decodificação de símbolos para pronunciar, memorizar, ou compreender a palavra escrita e registrada em textos, prática geralmente apreendida e repetida na escola como fundamental para o desenvolvimento social. A ideia de que somos leitores a vida toda vem ao encontro da interação constante que temos com os outros e como recebemos, interpretamos, sentimos e vivemos as informações que nos são mediadas pelos nossos pais, familiares, amigos, colegas e outros integrantes da sociedade e comunidades das quais fazemos parte. A proposta deste trabalho é refletir o ato da leitura para além do mundo acadêmico e laboral, trazendo um sentido cotidiano e próprio da existência e dos significados que são dados ao nosso próprio lugar de fala, aos traços de memória e identitários.  A motivação desta escrita vem influenciada pelo pensamento do influente venezuelano Simón Rodríguez (1999), quando apresentou a importância de sentir para compreender, princípio vinculado aos postulados de Paulo Freire (1999) com sua pedagogia liberadora. Assim, busca-se aprofundar a possibilidade utópica de se livrar das amarras acadêmicas e institucionais, empenhadas em hierarquizar e elitizar o ato de ler. Como seria o mundo se todos tivessem a mentalidade aberta para conhecer e compreender a leitura do mundo dos outros? Como seria o mundo se libertando das leituras dos pares ou dos outros sujeitos sociais associados ao poder ou lideranças? Como seria o mundo se o ato de ler ultrapassasse a forma de livro? Acaso o tempo atual não está nos levando à necessidade de repensar o estabelecimento de indicadores mais flexíveis e vinculados com a realidade do dia de hoje, quando os seres humanos estão investindo muitas horas de seu tempo interagindo com conteúdo, informações e pessoas mediante as redes sociais que funcionam pela Internet. Inclusive, depois da pandemia por Covid-19, as estruturas laborais, acadêmicas e as formas de se relacionar com as outras pessoas mudaram drasticamente, por conta do confinamento obrigatório que precisou ser cumprido no mundo. Esse cenário conturbado e cheio de incertezas gerou um aumento no uso de aplicativos, programas e canais digitais como WhatsApp, Google Meet, Zoom, Instagram, TikTok e outros que serviram como plataforma para dar continuidade às atividades cotidianas que, em grande medida, exigiam a leitura de mensagens de textos, a leitura de vídeos, a leitura de músicas, a leitura de áudios, podcasts, inclusive a leitura da corporalidade para identificar sintomas nas pessoas com as quais se interagia. Assim, parece urgente o posicionamento contundente de parte dos profissionais da Ciência da Informação, reconhecendo o potencial da educação liberadora como prática inclusiva e necessária para a mudança social, quanto à percepção do que é ser leitor e da prática leitora nas suas aproximações com a mediação da informação ao conduzir a problematização dos processos informacionais. Evidencia-se a interferência como ponto de ação em comum, com intencionalidade ao se opor ao pensamento conformista e à dominação de posturas elitistas e segregadoras do popular, do cotidiano e do verdadeiro sentir e viver do cidadão. 

Biografia do Autor

Orledys María de Jesús López-Caldera, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Doutoranda em Ciência da Informação UNESP ? Universidade Estadual Paulista ? Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação ? Campus Marília (2022). Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia (2021). Possui graduação como Licenciada em Bibliotecologia pela Universidad Central de Venezuela (2008), Diploma validado como Bacharel em Boblioteconimia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Bibliotecária, ativista de direitos humanos, professora universitária, e pesquisadora em Ciências Sociais, com mais de 17 anos exercendo funções na Gestão de Unidades de Informação. Experiência na gestão de redes de bibliotecas universitárias. Com conhecimento em design, gestão, avaliação e execução de projetos de informação e documentação. Elaborou políticas e estratégias orientadas para a normalização, desenvolvimento e execução de procedimentos bibliográficos e arquivísticos, utilizando processos e ferramentas baseados na área das ciências da informação. Colaborador no desenvolvimento de trabalhos de pesquisa na área de ciências sociais e tecnologias de informação e comunicação. Facilitador de cursos, workshops e seminários na UCV, UNESR, IABN, ONGs e Ministérios.

Oswaldo Francisco de Almeida Júnior, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Possui Graduação em Biblioteconomia e Documentação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1974), Mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1992) e Doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (1999). Atualmente é Professor Associado da Universidade Estadual de Londrina, Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Marília) e Professor Colaborador do Mestrado Profissional da Universidade Federal do Cariri. Líder do Grupo de Pesquisa "Informação: Mediação, Cultura, Leitura e Sociedade". Vogal da diretoria da EDICIC. Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase em Informação e Sociedade, atuando principalmente nos seguintes temas: Informação e Sociedade, Mediação da Informação, Serviço de Referência e Informação, Bibliotecas Públicas e Biblioteconomia. Mantenedor do site Infohome (www.ofaj.com.br).

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Publicado

2023-12-21

Como Citar

López-Caldera, O. M. de J. ., & Almeida Júnior, O. F. de. (2023). O que é ser leitor? reflexões sobre a concepção do sujeito leitor condicionado ao livro e não a leitura do mundo. Revista EDICIC, 3(3), 1–13. https://doi.org/10.62758/re.v3i3.245