Mídias sociais, desinformação e a distorção da esfera pública pela extrema direita
DOI:
https://doi.org/10.62758/re.v3i3.250Palavras-chave:
Extrema Direita, Mídias Sociais, Desinformação, Esfera Pública, Regimes de InformaçãoResumo
Nos últimos anos tem-se presenciado o ganho de relevância política da extrema direita. Parte das causas da ascensão desta nova onda da extrema direita está relacionada a sua capacidade de uso das mídias sociais. Por meio do alinhamento de estratégias de desinformação com o modo de produção e mediação da informação das plataformas de mídias sociais, movimentos extremistas têm afetado o debate público ao tempo que suas ideias ganham notoriedade. Nesse contexto, entende-se que as mídias sociais são instrumentos pelos quais a extrema direita utiliza a desinformação para manipular e influenciar a esfera pública. Assim, o presente trabalho, por meio de uma discussão teórica baseada pelo conceito de regimes de informação, pretende analisar e discutir como a instrumentalização das mídias sociais por grupos de extrema direita influencia e distorce a esfera pública ao seu favor. O trabalho leva a conclusões sobre como as infraestruturas das mídias sociais, ao propiciarem um regime de informação personalizado e algoritmicamente construído para cada usuário, são instrumentalizadas pela extrema direita. Estas infraestruturas alinhadas a estratégias desinformativas influenciam nos modos de criação do conhecimento, que por sua vez, afetam o desenvolvimento de ações formativas que impactam na “forma de vida”. Neste sentido, a instrumentalização das plataformas de mídias sociais tem permitido a extrema direita canalizar o poder (des)informacional para criar distorções e crises, cuja finalidade é afetar os processos deliberativos da esfera pública.
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