Políticas de preservação digital: mapeamento dos aspetos legais em Brasil e Moçambique

Autores

DOI:

https://doi.org/10.62758/re.v2i1.150

Palavras-chave:

Preservação digital, Política de preservação digital, Legislação, Brasil, Moçambique

Resumo

Com o objetivo de dar a conhecer o estado da arte das Políticas de Preservação Digital para suscitar mais ações institucionais e/ou governamentais e aprofundar o debate académico em torno do acesso à informação digital que, de per si, apoia o processo decisório, fez-se um mapeamento dos aspetos legais como parte dos requisitos básicos para a formulação de uma Política de Preservação Digital.  O trabalho insere-se numa abordagem qualitativa, do tipo exploratória, materializada pelas pesquisas bibliográfica e documental, tendo sido explorados textos teóricos a partir de livros e artigos de revistas científicas, bem como textos legais, desde a Constituição da República de cada país, leis e decretos que permitiram a construção do referencial teórico orientado ao objeto digital, preservação digital e à política de preservação digital. O material recolhido por meio de observação passou por um processo de categorização e sistematização tendo sido, posteriormente, tratado com base no método de análise de conteúdo. Constatou-se que Brasil e Moçambique apresentam normas que circunscrevem a Preservação Digital e que podem orientar a construção de Políticas de Preservação Digital institucionais e/ou nacionais, contudo, nas duas realidades, nenhum instrumento legal específico que regule sobre a matéria foi identificado. No contexto brasileiro tem-se assistido a elaboração de Políticas de Preservação Digital, em particular, nas universidades, em resposta às demandas provocadas pela contínua evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação. No conjunto de instrumentos conexos à preservação digital, notam-se equívocos terminológicos entre “conservação e preservação; eletrônico e digital” e demais termos afins, com maior incidência no contexto moçambicano. Refira-se que, em Moçambique fala-se da transformação digital (por meio da digitalização), mas não se fala da Preservação Digital e das diretrizes atinentes à este processo. Contudo, conclui-se que a inexistência de uma Política de Preservação Digital (nacional) em Moçambique não pode inibir as instituições de avançarem com a elaboração de políticas institucionais que fundamentam e traçam as diretrizes de atuação profissional em torno de um processo que efetive a preservação da informação à longo prazo e que possa ser acessada com garantias de autenticidade e integridade.

Biografia do Autor

Cecilia Preciosa Cabsela, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Atualmente doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, possui mestrado académico em Evoluções Tecnológicas Organizaionais e Estratégicas pela Universidade de Versailles Saint Quentin en Yvelines (2021), mestrado profissional em Gestão Estratégica da Informação pela Universidade Paris 8 Vincennes Saint-Denis (2020), especialização em Communication du Savoir, Technologie de la Connaissance et Management de l'information pela Universidade Paris 1 Panthéon Sorbonne (2019) e graduação em Ciência da Informação (ramo: Arquivística) pela Universidade Eduardo Mondlane (2016). É assistente universitária na Escola Superior de Jornalismo (ESJ) e o foi na Universidade Eduardo Mondlane. Tem experiência em records management, comportamento informacional, acesso à informação, veille documentaire e community management. Interessa-se pelo acesso à informação, proteção de dados pessoais e gestão da informação. É membro do grupo de pesquisa ?Acervos: dimensões do documento, da memória e do patrimônio.

Gildo Carlos Macie, Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Doutorando em Ciência da Informação pela UNESP. Mestrado em Administração Pública pela Universidade Eduardo Mondlane. Graduado em Ciência da Informação - Vertente Arquivística pela Universidade Eduardo Mondlane. Atualmente, docente de Gestão de Documentos I e II, no Departamento de Ciência da Informação, Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane. Gestor de Informação e projectos no Departamento para a Qualidade Académica ECA. Com experiência na área de Ciência da Informação na avaliação da qualidade institucional e elaboração de planos de melhorias

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Publicado

2023-01-05

Como Citar

Cabsela, C. P., & Macie, G. C. (2023). Políticas de preservação digital: mapeamento dos aspetos legais em Brasil e Moçambique. Revista EDICIC, 2(1). https://doi.org/10.62758/re.v2i1.150