Estudo de gênero nos arquivos e a representação das mulheres na contemporaneidade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.62758/re.v3i3.249

Palavras-chave:

Mulheres, Violência, Direitos Humanos, Redes Sociais, Arquivos

Resumo

As mulheres são vítimas de violências físicas e psicológicas por muitos séculos e em diversas culturas pelo mundo, numa trajetória de problemas estruturais da sociedade, nas quais as mulheres são exploradas como força de trabalho e excluídas na sua maioria do poder decisório. As mulheres são vítimas de estupros, prostituição, tráficos de seres humanos, escravizadas sexualmente, casamentos forçados pelas famílias, negociadas como produto de troca, violentadas nas guerras como forma de humilhação e constrangimento para com os países derrotados ou enfraquecidos. Diante dessas violências, tomamos como métodos de trabalho o levantamento bibliográfico do percurso da história de violência contra as mulheres, que remonta desde a sociedade colonial e patriarcal até os dias atuais, tendo como lócus da violência a estrutura familiar, no qual o homem entende que é proprietário do corpo da mulher. Em decorrência de toda esta situação estrutural apresentada observou-se uma ausência de fundos documentais de mulheres nas instituições ou agências de informação. Assinala por amostragem a representatividade das mulheres em arquivos e unidades de informação no Brasil. São apresentadas instituições que promovem o tratamento e a difusão dos arquivos e fundos documentais de mulheres, tais como: Arquivo Nacional, Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisa de Documentação Contemporânea, Instituto Moreira Salles , Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo, entre outras, que fazem correlação com os arquivos pessoais de cientistas, literatas, intelectuais, promovendo sua visibilidade. Como metodologia empírica, os aspectos qualitativos e quantitativos, por menção aos casos emblemáticos de violência que surgiram na grande mídia ao longo do tempo, dados estatísticos do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais, e a seleção de matérias e notícias por amostragem sobre casos de agressão contra mulheres no Facebook do Instituto Maria da Penha, observando um pouco do que é apresentado nas redes sociais como forma de informação e de denúncias. Há que se construir o respeito, a equidade e a dignidade dessas vítimas de sociedades onde ainda hoje prevalecem os discursos, narrativas e estruturas sociais em que a ausência de equidade legal entre homens e mulheres, a visão de que a mulher é sempre culpada das agressões por não ter conduta adequada, honesta e de família perante o mundo dominado pela cultura patriarcal, feito na sua maioria por homens. Os direitos humanos, em particular na luta pela libertação e pelos direitos das mulheres, devem fazer parte cada vez maior das agendas de pesquisas da Ciência da Informação, da Arquivologia e da Biblioteconomia, promovendo o tratamento, difusão e visibilidade dos acervos arquivísticos e documentais das mulheres cientistas, literatas, intelectuais provenientes de fundos privados ou públicos.

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Publicado

2023-12-21

Como Citar

Souza, R. de M. (2023). Estudo de gênero nos arquivos e a representação das mulheres na contemporaneidade. Revista EDICIC, 3(3), 1–13. https://doi.org/10.62758/re.v3i3.249