Conhecimento em movimento: reflexões sobre a organização e representação nos arquivos do movimento dos trabalhadores rurais sem terra
DOI:
https://doi.org/10.62758/re.v3i2.198Palavras-chave:
Organização e Representação do Conhecimento, Arquivos de Movimentos Sociais, Arquivos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Preservação da Memória, Acervos DocumentaisResumo
Os movimentos sociais produzem documentos com o objetivo de organizar as lutas, manter a formação político-social, registrar e preservar a memória da militância. Este artigo reflete sobre o processo de produção, organização e representação do conhecimento em arquivos de movimentos sociais, com foco no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, em que são recuperados materiais sobre Arquivos de Movimentos Sociais, Organização do Conhecimento, Movimentos Sociais, Movimento Sem Terra, Arquivos de Movimentos Sociais e Arquivos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, sendo estes materiais recuperados e analisados em bases de dados nacionais e internacionais, revistas, periódicos, congressos, eventos científicos, manuais e dicionários especializados na temática proposta para esta investigação. Embora não siga uma lógica voltada à produção documental administrativa, empresarial e governamental, infere-se que os movimentos sociais seguem diretrizes próprias para a elaboração de instrumentos e métodos específicos para a organização e representação de seus arquivos. Sobre o processo de organização e representação do conhecimento nos arquivos do Movimento Sem Terra, com base na revisão de literatura, foi possível constatar que a produção documental é extensa, pois são produzidas diversas manifestações documentais, como cartas, correspondências, ofícios, fotografias, panfletos, cartazes, charges, requerimentos, documentos que representam as lutas da militância e que podem ser analisados à luz da Arquivologia e da Organização e Representação do Conhecimento, que por sua vez, também podem ser analisados a partir dos princípios arquivísticos, como da proveniência e da acumulação natural. Sobre a produção do conhecimento em movimentos sociais, constata-se de forma parcial, a partir das reflexões de Jean Piaget, se trata de um conhecimento exógeno, ou seja, produzido de fora para dentro, de forma que a partir de uma relação sociointeracionista entre os assentados e assentados do Movimento, faz com que esse conhecimento seja organizado e representado por meios próprios e essa ação está relacionada a determinadas práxis. Como continuidade a esta discussão, dado o interesse do Movimento em disponibilizar seus arquivos a pesquisadores acadêmicos, demais movimentos sociais e a sociedade em geral, esta pesquisa tem por interesse discutir a possibilidade de realizar entrevistas com os assentados para uma coleta de dados mais consistente e com o processo de associar a um processo de preservação da memória da militância, que na maioria das vezes, devido ao processo burocrático, acaba por não ser tomado em conta por alguns movimentos sociais. Desta forma, o seguinte passo desta investigação também tem por objetivo propor um debate sobre o mapeamento de acervos do Movimento em Assentamentos da Reforma Agrária situados no estado de São Paulo, assim como analisar as principais manifestações documentais produzidas ao longo de quase 40 anos de resistência e luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais sem terra.
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