Os impactos das fake news na vacinação infantil no Brasil: uma análise de discursos contra as vacinas
DOI:
https://doi.org/10.62758/re.v2i3.174Palavras-chave:
Análise do Discurso, Vacinação Infantil, Fake NewsResumo
No século XVIII a varíola era a ameaça mais grave que existia, nesta época correu a invenção da chamada variolização, método primário de imunização o qual foi fundamental para maiores avanços da imunologia, onde és responsável até nos dias de hoje por seu grande papel na contenção e erradicação de doenças, como o sarampo, poliomielite e recentemente a maior demonstração da sua efetividade pelo seu papel na pandemia da Covid-19. A vacinação é um dos artifícios mais importantes no combate de doenças e do Brasil possuir inúmeras campanhas, nos últimos anos, o país teve uma queda no número da vacinação infantil, um dos motivos aparentes foi a grande disseminação de notícias falsas que circularam em mídias sociais, como Whatsapp e Facebook. Desde o ano de 2016, as fake news têm crescido exponencialmente, e resultado em auxílios de incontáveis problemas sociais, econômicos, políticos e na área da saúde, não seria diferente como é possível identificar o impacto negativo que elas causaram nas metas vacinais entendidas como ideais pelo Ministério da Saúde. Em vista disso, esta pesquisa teve como objetivo analisar quais fatores foram determinantes para o declínio na vacinação infantil no Brasil a partir de 2015. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre fake news, além de realizar um levantamento de dados da Agência Senado e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Ademais, foi utilizada a Análise do Discurso (AD) como parte do método de investigação e posteriormente, análise dos discursos proferidos em relação à vacinação infantil. Atualmente, a sociedade se depara com a chamada era de pós-verdade, em que as opiniões, crenças e ideologias são mais importantes do que os fatos em si, nesse sentido, as notícias falsas e os discursos proferidos (principalmente os de ódio e aqueles que não possuem nenhuma base real científica) tem influência e efeitos negativos nos índices de vacinação infantil.No final as razões encontradas por nós que possam, talvez, justificar o nível baixo de crianças vacinadas foram 1) a comunicação oficial disseminada amplamente vindo de órgãos públicos de saúde decaiu, o que possivelmente abriu um espaço para 2) criação e propagação de fake news sobre as vacinas aplicadas em crianças; 3) a falsa sensação de segurança por não ter sofrido ou visto alguém de seu círculo social sofrer das mazelas ou sequelas de doenças evitáveis por vacinas. É considerável relevante a continuidade da atenção voltada às vacinas, pois enquanto as taxas estão em declínio não houve uma relevância nacional sobre, e com a Covid-19 foi negligenciado. Entretanto, com os números controlados no Brasil, é hora de voltar o foco em alavancar esses números novamente, pois caso não haja uma atenção especial a esse tópico, doenças que antes estavam erradicadas ou sob controle em território brasileiro, podem ressurgir e atingir os mais vulneráveis a elas, pois não receberam a sua proteção devida como é o caso das crianças.
Referências
Barcelos T. N., Muniz L. N., Dantas D. M., Cotrim Junior D.F., Cavalcante, J. R. & Faerstein E. (2021). Análise de fake news veiculadas durante a pandemia de COVID-19 no Brasil. Rev Panam Salud Publica. https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.65. DOI: https://doi.org/10.26633/RPSP.2021.65
BRASIL. Senado Federal (1904). Lei 1.261/04. Torna obrigatórias, em toda a Republica, a vaccinação e a revaccinação contra a varíola. Brasília, DF, Senado Federal. Recuperado de https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1900-1909/lei-1261-31-outubro-1904-584180-publicacaooriginal-106938-pl.html.
Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (2020). Fake news sobre vacinas contra a Covid-19 ameaçam combate à doença. http://www.conselhodesaude.rj.gov.br/noticias.html?start=125.
Dandara, L. (2022a). Cinco dias de fúria: Revolta da Vacina envolveu muito mais do que insatisfação com a vacinação. Recuperado de https://portal.fiocruz.br/noticia/cinco-dias-de-furia-revolta-da-vacina-envolveu-muito-mais-do-que-insatisfacao-com-vacinacao#:~:text=No%20in%C3%ADcio%20de%20novembro%20de,Cultural%20do%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde.
Dandara, L. (2022b). Controle da varíola aponta caminhos para saúde pública. Recuperado de https://portal.fiocruz.br/noticia/controle-da-variola-aponta-caminhos-para-saude-publica
Diário de Notícias. Bolsonaro sobre a vacina da Pfizer: ”Se você virar jacaré, é problema seu”. (2020). Recuperado de https://www.dn.pt/mundo/bolsonaro-sobre-a-vacina-de-pfizer-se-voce-se-transformar-num-jacare-e-problema-e-seu-13155253.html.
Galhardi, C. P., Freire, N. P., Fagundes, M. C. M., Minayo, M. C. D. S. & Cunha, I. C. K. O. (2022). Fake news e hesitação vacinal no contexto da pandemia da COVID-19 no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 27, pp.1849-1858. DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232022275.24092021
Gomes, C. A. (2022). As 11 fake news sobre vacinas infantis que circularam antes e durante a consulta do Ministério da Saúde. Recuperado de https://www.blogs.unicamp.br/covid-19/as-11-fake-news-sobre-vacinas-infantis-que-circularam-antes-e-durante-a-consulta-do-ministerio-da-saude/.
Instituto Butantan (2021). Imunização, uma descoberta da ciência que vem salvando vidas desde o século XVIII. Recuperado de https://butantan.gov.br/noticias/imunizacao-uma-descoberta-da-ciencia-que-vem-salvando-vidas-desde-o-seculo-xviii.
McGoey, L. (2014). Strategic unknowns: towards a sociology of ignorance. Economic and Society, 41(1), pp.1-16. DOI: https://doi.org/10.1080/03085147.2011.637330. DOI: https://doi.org/10.1080/03085147.2011.637330
Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunizações - Vacinação. Programa Nacional de Imunizações - Vacinação. Recuperado de https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programa-nacional-de-imunizacoes-vacinacao.
Meirelles Reis, E. & Correa Coelho, E. (2022). 3 em cada 10 crianças no Brasil não receberam vacinas que salvam vidas, alerta UNICEF. UNICEF. Recuperado de https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/3-em-cada-10-criancas-no-brasil-nao-receberam-vacinas-que-salvam-vidas.
Pêcheux, M. (1995). Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Editora Unicamp.
Ponte, G. (2020). Conheça a história das vacinas. Recuperado de https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1738-conheca-a-historia-das-vacinas.
Projeto Comprova. É enganoso que vacinação em crianças do Reino Unido foi interrompida devido a aumento de mortes. Recuperado de https://projetocomprova.com.br/publica%C3%A7%C3%B5es/e-enganoso-que-vacinacao-em-criancas-no-reino-unido-foi-interrompida-devido-a-aumento-de-mortes/.
Sanar (2020). Fake news sobre as vacinas para Covid-19 podem atrapalhar imunização. Recuperado de https://www.sanarmed.com/fake-news-sobre-as-vacinas-para-covid-19-podem-atrapalhar-imunizacao.
UNICEF (2022). 3 em cada 10 crianças no Brasil não receberam vacinas que salvam vidas, alerta UNICEF. Recuperado de https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/3-em-cada-10-criancas-no-brasil-nao-receberam-vacinas-que-salvam-vidas.
Westin, R. (2022). Vacinação infantil despenca no país e epidemias graves ameaçam voltar. Agência Senado. Recuperado de https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2022/05/vacinacao-infantil-despenca-no-pais-e-epidemias-graves-ameacam-voltar.
Westin, R. (2020). Interesses políticos e descaso social alimentaram a Revolta da Vacina em 1904. Recuperado de https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/interesses-politicos-e-descaso-social-alimentaram-revolta-da-vacina.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Revista EDICIC
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A Associação detém os direitos autorais dos textos que publica e adota a licença Creative Commons, CC BY 4.0 DEED Atribuição 4.0 Internacional (https://creativecommons.org/
Você tem o direito de:
- Compartilhar: copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato para qualquer fim, mesmo que comercial.
- Adaptar: remixar, transformar, e criar a partir do material para qualquer fim, mesmo que comercial.