Revista EDICIC, San José (Costa Rica), v.4, e-4524, p.1-18, 2024. ISSN: 2236-5753
Este documento tiene licencia bajo la Creative Commons Attribution 4.0 International.
Curadoria de conteúdo informacional como possibilidade de mediação
implícita da informação em bibliotecas híbridas
Miracy da Silva Maia, Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil, https://orcid.org/0009-
0003-5503-7353
João Arlindo dos Santos Neto, Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil,
https://orcid.org/0000-0003-1833-911X
DOI: 10.62758/re.4524
RESUMO
As bibliotecas tendem a acompanhar o processo evolutivo das instituições às quais estão inseridas e,
por serem impactadas e estimuladas pelos contextos social, educativo, cultural, tecnológico etc.
precisam otimizar o fluxo de informações que chega ao usuário. Desse modo, este artigo tem como
objetivo discutir a relação entre a curadoria de conteúdo e a mediação implícita da informação em
bibliotecas híbridas. Os procedimentos metodológicos seguem a natureza básica, de tipologia
exploratória e tem como método a revisão bibliográfica. Como resultados, apresenta que a curadoria
de conteúdo e a mediação implícita da informação em bibliotecas híbridas se relacionam uma vez que
ambas decorrem sem a presença do usuário, mas tendo ele como foco. Considera que a curadoria de
conteúdo informacional tem se apresentado como uma tarefa cada vez mais necessária, tendo em
vista o contexto das bibliotecas híbridas, que é permeado por muita informação e demanda
especializada. Conclui que a curadoria de conteúdo informacional pode ser considerada como uma
instância de mediação implícita da informação.
Palavras-Chave: Curadoria de Conteúdo Informacional; Mediação da Informação; Mediação Implícita
da Informação; Bibliotecas Híbridas.
La curación de contenidos informativos como posibilidad de mediación implícita de la
información en bibliotecas híbridas
RESUMEN
Las bibliotecas tienden a seguir el proceso evolutivo de las instituciones de las que forman parte y, al
verse impactadas y estimuladas por los contextos sociales, educativos, culturales, tecnológicos, etc.,
necesitan optimizar el flujo de información que llega al usuario. Por tanto, este artículo tiene como
objetivo discutir la relación entre la curación de contenidos y la mediación implícita de información en
bibliotecas híbridas. Los procedimientos metodológicos siguen el carácter básico, de tipología
exploratoria y utilizan como método la revisión bibliográfica. Como resultados, se muestra que la
curación de contenidos y la mediación implícita de información en bibliotecas híbridas están
relacionadas ya que ambas se llevan a cabo sin la presencia del usuario, pero con él como foco.
Considera que la curación de contenidos informativos se ha presentado como una tarea cada vez más
necesaria, dado el contexto de bibliotecas híbridas, permeado por mucha información y demanda
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especializada. Se concluye que la curación de contenidos informativos puede considerarse como una
instancia de mediación implícita de información.
Palabras-Clave: Curación de Contenidos Informativos; Mediación de la Información; Mediación
Implícita de la Información; Bibliotecas Híbridas.
Curation of informational content as a possibility of implicit mediation of information in
hybrid libraries
ABSTRACT
Libraries tend to follow the evolutionary process of the institutions they are part of and, as they are
impacted and stimulated by social, educational, cultural, technological contexts etc., they need to
optimize the flow of information that reaches the user. Therefore, this article aims to discuss the
relationship between content curation and the implicit mediation of information in hybrid libraries.
The methodological procedures follow the basic nature, of an exploratory typology and use literature
review a method. As results, it shows that content curation and the implicit mediation of information
in hybrid libraries are related since both take place without the presence of the user, but with them as
the focus. It considers that the curation of information content has presented itself as an increasingly
necessary task, given the context of hybrid libraries, which is permeated by a lot of information and
specialized demand. It concludes that the curation of information content can be considered as an
instance of implicit mediation of information.
Keywords: Information Content Curation; Information Mediation; Implicit Mediation of Information;
Hybrid Libraries.
1 INTRODUÇÃO
As bibliotecas tendem a acompanhar o processo evolutivo das instituições às quais estão
inseridas e, impactadas e estimuladas pelos contextos social, educativo, cultural, tecnológico etc.
precisam otimizar o fluxo de informações que chega ao usuário, ora como uma avalanche e ora de
forma escassa e fragmentada.
Mais especificamente no caso das bibliotecas híbridas, as informações e os documentos são
disponibilizados aos usuários na forma analógica ou digital, em ambientes físicos e, também, digitais,
ampliando as possibilidades de coleta, tratamento, disponibilização, acesso, busca, recuperação e
apropriação da informação. Os recursos informacionais precisam chegar ao usuário de forma seletiva,
para tornar-se relevante e com o potencial de ser apropriada por ele.
É diante do contexto de excesso de informações com possibilidades de acesso em ambientes
híbridos (físicos e digitais), que surge a motivação para a realização deste artigo, que discute a
curadoria de conteúdo informacional como instância de mediação implícita da informação no contexto
das Biblioteca Híbridas.
O termo curadoria, é considerado polissêmico visto que seu conceito dependerá do contexto
e/ou área do conhecimento que está vinculado. O referido termo está em crescente entrelaçamento
com a Ciência da Informação (CI) (Steimer & Crippa, 2017) uma vez que a “[...] curadoria não significa
apenas selecionar e dispor, significa fazer essas coisas com o propósito de ajudar outrem” (Bhaskar,
2020, pp.223).
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A mediação da informação tem sido amplamente discutida entre os pesquisadores na CI,
levando em consideração que “[...] as tradicionais formas de mediação nos ambientes de mediação de
informação, cultura e de educação estão sendo transformados; ainda mais, quando se leva em conta
a inserção das Tecnologias de Informação e de Comunicação” (Moraes & Almeida, 2013, pp.176).
As Bibliotecas Híbridas, são consideradas na literatura como aquelas que integram serviços e
produtos em formatos analógicos e digitais, o termo [...] é utilizado como um modo apropriado de
descrever novos tipos de serviços que tentam integrar as fontes tradicionais de informação, impressas,
com as fontes eletrônicas(Pacheco, 2003, pp.23), possibilitando que as bibliotecas incorporem tais
práticas na sua rotina, projetando a sua atuação junto à comunidade que está inserida.
A mediação da informação “[...] está relacionada com a práxis no âmbito da Biblioteconomia
ao compreender saberes (conhecimentos) e fazeres (habilidades) do profissional da informação
(mediador)” (Gerlin, 2022, pp.92), que contribuem para a seleção e uso de tais produtos e serviços em
formatos diversos, “[...] propiciando que os indivíduos aprendam de modo significativo, colaborando
com o meio em que vivem” (Silva, 2017, pp.17).
Desse modo, o artigo tem como objetivo discutir a relação entre a curadoria de conteúdo
informacional e a mediação implícita da informação em bibliotecas híbridas. Nessa tessitura, destaca-
se o estudo das autoras Souza & Jorente (2020) intitulado a “A folksonomia como recurso de design e
curadoria na mediação da informação em ambientes digitais”, que estreia a discussão de forma
explícita entre as referidas temáticas no campo da CI.
Além da presente introdução, o artigo apresenta os procedimentos metodológicos, os
resultados obtidos e as considerações finais.
2 CURADORIA DE CONTEÚDO
O termo curadoria etimologicamente de origem latina (curare) significa ato, processo ou efeito
de curar; difundido a partir do século XVIII no sentido de “cuidar de algo” e sendo designado
inicialmente às artes, pois a curadoria foi atrelada a ideia de selecionar algo com uma finalidade
específica, para dispor de maneira a contar uma história (Bhaskar, 2020). Ramos (2012, pp.13) expõe
que “[...] tradicionalmente identificamos o ofício do curador como o do profissional que organiza obras
de arte em um museu ou galerias transformando-as em exposições, ou seja, em um percurso
socialmente legitimado”. Contudo, a percepção atribuída ao curador será a de alguém [...] cujo
trabalho não é criar mais conteúdo, mas dar sentido a todo conteúdo que as pessoas estão criando”
(Tanus & Silva, 2022, pp.16) sendo um facilitador e/ou mediador de recursos e fontes de informação.
Atualmente a curadoria perpassa por diversos segmentos organizacionais e a cada contexto
adquire significado e função específicos, são olhares na área educacional, na área das artes, da
comunicação e mídias digitais, jornalismo etc. sempre com o viés de práticas de seleção, refino e
arranjo de informação para ajudar a superar a sobrecarga informacional (Bhaskar, 2020).
Ao realizar algumas leituras sobre a temática da curadoria, foi possível identificar na literatura
os seguintes termos relacionados: curadoria digital, curadoria de dados, curadoria de conteúdo,
curadoria museal e curadoria informacional. Esta última tipologia constitui o foco da presente
pesquisa. O Quadro 1 apresenta os conceitos a esses termos relacionados à curadoria:
Quadro 1: Extensões conceituais de curadoria e suas definições
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Extensão Conceitual
Definição
Curadoria Digital
Gerenciamento do objeto digital contendo atividades que abarcam todo o ciclo
de vida desse objeto, com o intuito que ele continue acessível e se consiga
recuperar por quem dele precise (Molina & Santos, 2018, pp.90)
Curadoria De Dados
Oferece aos pesquisadores dados prontos para o reuso, ou seja, dados tratados,
acompanhados por metadados semânticos e estruturais que asseguram a
fidedignidade de seu significado e a reconstrução correta de sua apresentação,
somados a metadados que asseguram a integridade, precisão e autenticidade
(Sayão & Sales, 2012, pp.188)
Curadoria De Conteúdo
Atividade ou processo contínuo, dirigido pelos critérios de um perito humano e
assistido por ferramentas ou sistemas informáticos, que consiste em pesquisar,
filtrar, organizar e partilhar conteúdos de qualidade a partir de fontes digitais
online (meios digitais, redes sociais) sobre um tema específico para fornecer valor
significativo e relevante para um blico específico (Laguens, 2013 citado em
Tanus & Silva 2022).
Curadoria Museal
Segue princípios específicos visando referenciar a presença do objeto no espaço
e dar importância ao contexto no qual é colocado. Dentro do espectro que
corresponde à organização de exposições e com base na museografia, ou seja, as
diversas medidas práticas dos museus como planejamento, arquitetura e
acessibilidade, documentação, conservação, exposição e educação (Cury, 2006
citado em Barbosa, 2013, pp.139)
Curadoria Informacional
Essa abordagem guarda a ideia do consumo mais preciso e específico de
informação, face ao excesso de fontes (Siebra, Borba & Miranda, 2016, pp.26)
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados da pesquisa (2024).
2.1 Curadoria de Conteúdo Informacional
Entende-se a curadoria de conteúdo informacional como uma seleção de fontes de
informações estruturadas com a finalidade de direcionar o leitor na localização de recursos que
possibilitem a otimização no tempo de suas buscas. Carrega em seu escopo a importância do
refinamento de informações para grupos de usuários com necessidades informacionais específicas.
Tavares et al. (2021, pp.66) relatam que “[...] a seleção de conteúdos relevantes e sua organização de
forma estruturada apoia os usuários na localização dos temas nos momentos importantes das trilhas
de aprendizagem a serem seguidas”. E complementam expondo que:
[...] o acesso à internet disponibiliza uma quantidade de informações inimaginável em segundos,
mas [...] as pessoas devem identificar o que realmente precisam, o que é real, de qualidade,
científico, empírico. Dessa forma, quando se fala de curadoria de conteúdo, pode-se considerar o
que foi constituído na academia, nos ambientes coletivos, por professores, estudantes, ou uma
equipe multidisciplinar especializada. (Tavares et al., 2021, pp.66).
Para Siebra, Borba & Miranda (2022, pp.24) a partir do ano 2003, “o termo curadoria passou a
ser trabalhado nas áreas de CI e Ciência da Computação, motivados pelo crescimento exponencial da
informação digital”, enquanto Steimer & Crippa (2017, pp.139) relatam que:
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Na CI o conceito de curadoria geralmente está relacionado às novas tecnologias e ao digital de
forma muito específica, considerando práticas como a criação e desenvolvimento de Repositórios
Digitais, Recuperação da Informação, Preservação Digital, Curadoria de Conteúdo e de Dados.
Desta forma, a Curadoria de Conteúdo estaria no patamar de aplicabilidade da CI nos
ambientes informacionais, tendo em vista a perspectiva do refinamento organizado da informação
para então disponibilizá-la ao usuário, uma vez que a expansão na produção e compartilhamento de
informações cresceram consideravelmente, esse volume de dados disponível nas diversas fontes de
informação fez com que o conceito de curadoria de conteúdos fosse ampliado e que se expandisse às
diversas áreas de conhecimento, alcançando a CI, na urgência de que a carga de conteúdo disponível
pudesse passar por um crivo criterioso para as informações mais proeminentes à uma demanda
específica.
A curadoria de conteúdo informacional, desse modo, consiste em selecionar, analisar, reunir,
estruturar e distribuir a informação de diversas fontes, o que há de mais valioso dentro de um campo
específico de conhecimento, o que implica diretamente na quarta Lei da Biblioteconomia de
Ranganathan - Poupe o tempo do Leitor - que em suma reitera a necessidade de reduzir o tempo gasto
pelo leitor na busca por informações. Tanus & Silva (2022, pp.3) salientam que mediante a essa prática
“[...] os/as bibliotecários/as encontram novamente uma oportunidade de possibilitar o enlace das
pessoas com a informação desejada, no tempo e no formato mais adequado às necessidades
informacionais”.
Acredita-se que o principal benefício da curadoria de conteúdo informacional é a economia de
tempo na pesquisa e na entrega de valor às informações disponibilizadas ao usuário da informação.
O que passamos a chamar de curadoria é a interface, o intermediário necessário, para a moderna
economia de consumo, uma espécie de filtro intencional que equilibra nossas necessidades e
desejos para se contrapor a grandes acúmulos de coisas. Na acepção mais ampla, curadoria é uma
forma de gerenciar a abundância. (Bhaskar, 2020, pp.91, grifo nosso).
O trecho citado por Bhaskar se refere a gestão do excesso informacional por meio da curadoria,
pela mediação humana - o curador/mediador de conteúdos - prática decisiva perante a demasiada
quantidade de informações.
Para Kanter (2011) a curadoria de conteúdo é um processo desenvolvido em três partes:
buscar, sentir e compartilhar. A primeira (seek) contempla a busca pela informação, enquanto o sentir
(sense) atribui um valor/sentido a informação pesquisada e a terceira etapa, o compartilhamento
(share), para que possa ser facilmente compreendida e aplicada a um público específico.
A Figura 1 representa esses três aspectos da curadoria e as instâncias e exemplos em que cada
parte poderia se manifestar.
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Figura 1: Os três S’s da curadoria
Fonte: Bassani & Magnus (2021).
O grande volume de informações produzidas diariamente, especialmente em meio digital,
torna desafiador ao usuário comum a localização da informação sem ser influenciado pelos motores
de busca, fazendo-se necessário o processo de curadoria de conteúdo por um profissional que possa
“[...] encontrar, agrupar, organizar ou compartilhar o melhor e mais relevante conteúdo sobre um
assunto específico” (Bhargava, 2009), e Ramos (2012, p.19) ressalta que [...] o curador tem a
característica de mediador e essa é uma atividade central na cultura contemporânea. Talvez não se
trate mais de produzir novas formas, mas arranjá-las em novos formatos”, nesse contexto, tal prática
legitima a importância do profissional da informação tornando a curadoria de conteúdo informacional
inerente às atividades praticadas por ele.
Dale (2014, pp.201) enfatiza que “a cura para a sobrecarga de informações é a curadoria
coerente, a descoberta orientada por dados gerenciada por curadores habilidosos, atenciosos e, em
alguns casos, especialistas”. O referido autor destaca que:
Ser um curador de conteúdo é um método para nos ajudar a nos mantermos informados sobre
nossas áreas de interesse e sermos mais eficazes em nossos trabalhos. A curadoria de conteúdo
fornece uma estrutura, um processo, um sistema e uma disciplina para nos ajudar a encontrar (e
usar) informações mais relevantes. (Dale, 2014, pp.200).
Diante de um panorama, em que a quantidade de informações disponíveis extrapola a
capacidade do leitor em anali-la é que a curadoria de conteúdo se faz necessária, uma vez que
reverbera em uma economia de tempo nas pesquisas dos leitores, sendo que “[...] o grande desafio
no trabalho com a informação é, mais do que nunca, selecionar a informação certa, no tempo e no
formato adequados para uma necessidade de informação específica” (Carvalho, 2020, pp.179).
Entretanto, compreende-se que é primordial que esse processo siga uma intencionalidade que
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legitime a demanda informacional de um leitor ou de uma organização, deste modo a “[...] curadoria
contribui para aumentar a estruturação e difusão de informações e intensificar o fluxo de conteúdos
necessários à produção de conhecimento” (Siebra, Borba & Miranda, 2016, pp.28).
O termo curadoria de conteúdo, no sentido de mitigar o excesso de informações, tem seu
marco a partir do “Manifesto para o curador de conteúdo” escrito por Bhargava em 2009. Nele, o autor
externaliza que “[...] diante da incapacidade dos algoritmos de busca para garantir que os usuários da
web encontrem conteúdos de qualidade, indivíduos, exercendo funções de editores cidadãos,
selecionarão e filtrarão conteúdos de qualidade para outros”, o que nos remete a uma possibilidade
real de refinamento da informação para grupos de leitores com demandas de pesquisas específicas.
A principal característica da curadoria de conteúdo informacional é que um profissional
realizando a busca, seleção, organização e compartilhamento da informação com a ajuda da
tecnologia, isto é, o mediador da informação protagonista da curadoria é humano, uma vez que é
designado a ele atribuir valor e significância à informação desejada pelo leitor. Carvalho (2020, pp.182)
relata que esse processo é realizado por pessoas com o auxílio de ferramentas informáticas. Tais
ferramentas possibilitam automatizar algumas tarefas, [...] oferecem o indispensável suporte para a
ação humana”.
Para isso, é desejado ao profissional curador de conteúdos as seguintes competências:
Quadro 2: Competências do curador de conteúdos
COMPETÊNCIAS DO CURADOR DE CONTEÚDO
Manuseio de ferramentas (redes sociais, plataformas, feeds etc.) para pesquisar, encontrar e filtrar informações
relevantes;
Organização de informações (categorização, indexação, marcação, agendamento e assim por diante);
Networking (participando de atividades pessoais e profissionais para aprimorar e melhorar a aprendizagem, bem como
conhecer o interesse das pessoas);
Pensamento crítico e criação de sentido (veracidade, contextualização, avaliação de fontes);
Conhecimentos tecnológicos, sociais, culturais e políticos são essenciais para um/a curador/a.
Fonte: Adaptado de Tanus & Silva (2022, pp.34).
As competências elencadas no Quadro 2, reiteram as características do profissional humano,
que busca se estabelecer no processo de curadoria de conteúdo, Guallar & Leyva (2013 citado em
Tanus & Silva, 2022, pp.19) reconhecem a importância desse especialista para a curadoria de
conteúdo, afirmando que:
A curadoria de conteúdo é o sistema levado a cabo por um especialista (ou curador de conteúdo)
para uma organização ou a título individual, consistente na busca, seleção, caracterização e difusão
contínua do conteúdo mais relevante de diversas fontes de informação na web sobre um tema (ou
temas) e âmbito (ou âmbitos) específicos, para uma audiência específica, na web (tendência
majoritária) ou em outros contextos (por exemplo, em uma organização), oferecendo um valor
agregado e estabelecendo uma relação com a audiência/usuários.
A citação de Tanus & Silva (2022), sustenta a ideia de que a informação bem curada reflete
positivamente na rotina do pesquisador, por conseguinte, Steimer & Crippa (2017, pp.141) enfatizam
que “[...] o possível diferencial da curadoria se trata não apenas de uma primeira seleção de material,
mas também de sua possível customização, ou seja, uma seleção do que já seria uma seleção”, neste
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sentido, não desconsiderando a tecnologia, que por meio de plataformas e aplicativos de alguma
maneira já realiza o refinamento de conteúdo.
Dale (2015, pp.200-201) reitera que “curadoria de conteúdo é um método para nos ajudar a
nos mantermos informados sobre nossas áreas de interesse” e que a “[...] cura para a sobrecarga de
informações é a curadoria coerente, a descoberta orientada por dados gerenciada por curadores
habilidosos, atenciosos e, em alguns casos, especialistas”.
Em conformidade à proposta de que a curadoria de conteúdo informacional seria de fato o
resultado que o curador pretende ofertar ao seu público de forma personalizada. Kanter (2011)
salienta que “a curadoria de conteúdo não é sobre coletar links [...], é mais sobre colocá-los em um
contexto com organização, anotação e apresentação” o mesmo autor afirma que os curadores de
conteúdo fornecem uma seleção personalizada e controlada dos melhores e mais relevantes recursos
sobre um tópico ou tema muito específico” (Kanter, 2011).
Isto posto, a curadoria de conteúdo informacional torna-se instância mediadora em um mundo
rico de informações no qual os consumidores de informações almejam sempre por conteúdos
confiáveis e pertinentes às suas pesquisas e, que, por sua vez, buscam nas bibliotecas e nos
profissionais que nelas atuam o auxílio e orientações nesse contexto informacional, isto é, a mediação
da informação.
3 MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Os estudos científicos sobre a mediação da informação, atreladas à CI, se dão efetivamente a
partir do final da década de 90. No entanto, no ano de 2006, momento em que Almeida Júnior,
pesquisador considerado um dos precursores da temática no Brasil, estruturou a definição de
mediação da informação sendo publicada nos anais do VII Encuentro de Educadores e Investigadores
en Bibliotecología, Archivología, Ciências de la Información y de la Documentación de Iberoamérica y
el Caribe (EDIBCIC). Para Santos Neto (2019, pp.223). “[...] desde o primeiro artigo sobre mediação
(1995), somente em 2006, ou seja, após 11 anos é que o número de publicações aumentou”. No
entanto, compreende-se que em décadas anteriores, diversas correntes teóricas influenciaram na
constituição da expressão mediação da informação, ainda que de forma discreta e, paulatinamente,
realizaram a sua incorporação na área da CI. É o caso de Leila Mercadante, quando publicou no ano de
1995, o primeiro artigo com o termo mediação da informação no título da produção. Por não
aprofundar a discussão da mediação como conceito, considera-se que o processo de desenvolvimento
do conceito acerca da mediação da informação, se deu a partir as reflexões sistematizadas após o ano
de 2006.
A mediação da informação vem sendo enfaticamente estudada na CI, Silva (2015, pp.6) atribui
essa crescente por ela ser:
Um conceito denso e que envolve fatores diversos como o centro de informação, profissional da
informação e usuários como uma tríade que demanda a necessidade de uma construção social e
interacionista” compreendendo a informação como fenômeno transformador, norteador de novas
questões e estimulante na construção de novos conhecimentos.
Além disso, Varela, Barbosa & Farias (2014, pp.150) enfatizam que no domínio da CI a
mediação “[...] se dá no processo de interação do profissional com o usuário, ou seja, no momento da
comunicação e da transferência da informação” apesar disso, as autoras salientam que:
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Os elementos que compõem a mediação e que vão permitir a consonância de objetivos entre o
que busca o usuário e o que lhe oferta o profissional acontecem bem antes da busca, mediante um
processo dialógico em que o profissional se antecipa ao desejo do usuário e organiza o estoque de
informação, dialogando com este usuário potencial. (Varela, Barbosa & Farias, 2014, pp.150).
Por isso, vislumbra-se a mediação da informação vinculada a um processo de orientação
informacional que envolve esta tríade citada - centro de informações equipamentos informacionais
(bibliotecas) / profissionais da informação (bibliotecários (as)) / usuários/leitores - com o intuito de
mediar o acesso à informações pertinentes às demandas do sujeito, diante do contexto de excesso
informacional, no qual, em muitos casos, a interferência do profissional da informação no sentido de
refinamento ao que se disponibiliza para o usuário, torna-se de extrema necessidade, sobre essa
interferência realizada na mediação da informação, Almeida Júnior & Santos Neto (2014, pp.101)
expõem que ela:
[...] não é passiva, é uma ação de interferência, acompanha todo o fazer do bibliotecário, ainda
que indireta e inconscientemente. Ela não é neutra, não pode ser imparcial, o bibliotecário deve
assumir seu papel e não simplesmente esperar que os usuários busquem a informação somente
ao se depararem com uma necessidade informacional.
No que concerne aos sujeitos que compõem o processo de mediação da informação, Almeida
Júnior (2015, pp.16) descreve que estão envolvidos “não o usuário, o bibliotecário, como também
o produtor da informação, os suportes com os quais o bibliotecário lida, o equipamento informacional,
o momento em que todo o processo acontece e a informaçãocada um em seu respectivo escopo e
devidas interferências no transcurso da mediação da informação. Bortolin & Santos Neto (2015, pp.35-
36) também concordam que a mediação da informação “não precisa ser realizada por apenas um
indivíduo, mas por uma série de dispositivos”.
Para tanto, Almeida Júnior (2015, pp.25) conceitua a mediação da informação como:
Toda ação de interferência realizada em um processo, por um profissional da informação e na
ambiência de equipamentos informacionais , direta ou indireta; consciente ou inconsciente;
singular ou plural, individual ou coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça,
parcialmente e de maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e
novas necessidades informacionais.
Vale mencionar que a interferência no processo de mediação da informação é “uma ação
planejada ou espontânea dos profissionais no sentido de colaborar com diferentes sujeitos em um
equipamento informacional na busca de informação” (Santos Neto, 2019, pp.343). Enquanto que a
apropriação da informação consiste na atribuição de sentidos à informação consultada/desejada,
momento no qual o leitor de fato utiliza-se dela para satisfazer uma demanda informacional pessoal -
momentânea ou não, isto é a apropriação da informação é como um ato pessoal e singular; variando
de sujeito para sujeito” (Santos Neto, 2019, pp.343), considerando que esta informação seja passível
de construção de conhecimento e que esteja para o usuário como esclarecedora de incertezas e
edificadora de pensamentos críticos e reflexivos, bem como geradora de novas dúvidas.
Ao passo que na percepção de Gomes (2021, pp.134-135) a mediação da informação é:
Um processo dialético e essencialmente pautado na dialogia, promotor do espaço problematizador
que pode impulsionar o processo de recepção, assim como o desenvolvimento intelectual, cultural
e a tomada de consciência, favorecendo a apropriação da informação.
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Santos Neto (2019, pp.36), reitera sobre a mediação da informação dizendo que “não há como
pensar em uma mediação passiva e imparcial, quando se refere a realidade do profissional que atua
na ambiência dos equipamentos informacionais e culturais, em que o fazer é dinâmico e contínuo”
nesta perspectiva de dinamicidade informacional é que se torna fundamental a mediação da
informação, para que o leitor otimize seu tempo utilizando àquelas que certamente lhe dará suporte
e agilidade nas suas pesquisas.
3.1 Mediação Implícita da Informação
A mediação da informação se faz presente em todo o fazer do profissional da informação
norteando e subsidiando, por exemplo, os serviços de referência, o desenvolvimento de coleções,
processamento técnico de obras, e promoção de atividades em geral, o que Almeida Júnior (2009)
denominou de Mediação Implícita e Mediação Explícita da Informação. Santos Neto (2022, pp.78)
ilustra a representação do processo de MI (Figura 2):
Figura 2: Processo de mediação da informação
Fonte: Santos Neto (2022, pp.78).
Na Figura 2, destaca-se a Mediação Implícita da Informação, que para Almeida Júnior (2009,
pp.93) “[...] ocorre nos espaços dos equipamentos informacionais em que as ações são desenvolvidas
sem a presença física e imediata dos usuários”, ou seja, àquelas atividades de seleção e organização
da informação. Embora o caráter implícito ou indireto da mediação implícita, não seja facilmente
reconhecido e aparente ao usuário, ela está presente em todo o fazer “técnico” do bibliotecário “no
momento da escolha dos materiais que farão parte do acervo da biblioteca, posteriormente no
processamento técnico” (Almeida Júnior & Santos Neto, 2014, pp.105).
No Quadro 3, são apresentadas algumas das competências requeridas ao bibliotecário na
mediação implícita.
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Quadro 3: Competências para o bibliotecário na mediação implícita
COMPETÊNCIAS
Conhecer e dominar a linguagem do usuário
Dominar as fontes de informação
Saber traduzir necessidades de informação
Trabalhar colaborativamente
Dominar recursos e ferramentas tecnológicas
Ser criativo
Dominar códigos de classificação
Compreender as políticas de acervo
Saber solucionar problemas de informação
Tomar decisões conscientes
Ser flexível
Ter autonomia nos processos
Fonte: Teixeira, Tadini & Alves (2021, pp.9).
Silva (2015, pp.105), denomina a mediação implícita de mediação técnica da informação e a
caracteriza como “as ações de organização, representação da informação enviadas pelo profissional
da informação estimulando o uso da informação, seja em ambiente físico ou virtual”, do mesmo modo
Gomes (2021, pp.140) define a mediação implícita como “a organização e representação da
informação, a gestão dos ambientes informacionais, o desenvolvimento de processos, instrumentos e
produtos informacionais [...]” e a autora acrescenta que [...] os agentes sociais que atuam na sua
produção se situam nos bastidores do trabalho com a informação [...]” (Gomes, 2021, pp.140).
De posse de tais colocações, entende-se que a mediação implícita está presente no momento
da organização da informação, valendo-se de ferramentas tanto tecnológicas como aquelas intrínsecas
ao fazer profissional do bibliotecário, com a finalidade de disponibilizar ao leitor a informação
desejada.
Assim sendo, considera-se que a mediação implícita da informação favorece o processo de
curadoria de conteúdos possibilitando inter-relações entre elas, por isso, na seção dos resultados
evidencia-se essa relação.
4 BIBLIOTECAS HÍBRIDAS
Os debates acerca das Bibliotecas Híbridas têm se intensificado na proporção em que há uma
forte tendência mundial de convergência de serviços, de rotinas, de fontes de informação etc. nas
bibliotecas tradicionais, em ações também ofertadas por meio digital, “a partir do ano de 2016,
ocorreu uma retomada dos diálogos com pesquisadores que haviam publicado acerca das
bibliotecas híbridas, para o convite de revisitar este objeto de estudo” é o que relatam Caldas & Silva
(2020, pp.6) sobre o recomeço das pesquisas sobre esta temática, que têm sido impulsionadas por
uma necessidade de adaptabilidade às demandas sociais acerca da busca por informações.
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Garcez & Rados (2002, pp.46) discorrem que o prioritário na atuação das bibliotecas híbridas
é “[...] identificar pequenos grupos de usuários e oferecer serviços mais especializados de valor
agregado, com grande flexibilidade e criatividade em sua realização e forma, por meio do diagnóstico
do que o usuário deseja”, e complementam:
O termo flexibilidade descreve a habilidade que uma biblioteca tem para oferecer diferentes bens
e serviços, de acordo com as necessidades individuais ou grupais de seus usuários. Quanto maior
a habilidade de flexibilização, maior será a satisfação do cliente, uma vez que a biblioteca estará
excedendo as suas expectativas (Garcez & Rados, 2002, pp.46).
Na Biblioteca Híbrida coexistem fontes de informação em suportes físicos e virtuais com acesso
presencial e remoto, por isso se faz necessária a mediação estruturada dessas fontes de informação,
para que o leitor possa se apropriar delas de forma integrada, resultando na boa dinâmica para as suas
pesquisas e/ou estudo, “o conceito de bibliotecas híbridas se refere à junção entre os afazeres das
bibliotecas tradicionais, eletrônicas e digitais, buscando maior acesso à informação” (Damian, Silva &
Santos Neto, 2021, pp.6).
Sobre a importância do hibridismo nas bibliotecas, Silva Filho & Mangan (2016, pp.63)
informam que a “biblioteca tradicional tem por necessidade adaptar-se ao atual contexto tecnológico,
reestruturando seus serviços e produtos, com foco nesse novo tipo de demanda informacional, a
informação em meio digital”, direção esta que as bibliotecas culturalmente irão seguir, visto o cenário
social e avanço tecnológico reiterado na citação a seguir:
As transformações sociais ocorridas nas últimas décadas impactaram diretamente nos modos de
produção e acesso à informação. Consequentemente, a biblioteca também teve seus serviços
afetados por essas mudanças, principalmente no que diz respeito ao uso de tecnologias de
informação e comunicação. (Almeida, Farias & Farias, 2018, pp.439-440)
Silva (2023, pp.55) argumenta que “[...] um jeito simples de definir uma biblioteca híbrida é
designando-a como um espaço de integração entre as bibliotecas tradicionais e as digitais”. A hibridez
em bibliotecas se apresenta à medida que os espaços informacionais promovam seus produtos e
serviços conforme a demanda e cultura local, a partir de recursos analógicos e digitais. Para isso,
utilizam-se das tecnologias, promovem a mediação de fontes de informação como também a
mediação de serviços perspicazes ao usuário e à integração entre eles e os demais atores
informacionais.
A biblioteca híbrida caracteriza-se como um espaço informacional no qual se cruzam fontes de
informações, produtos e serviços ambos em suportes físicos e virtuais, além da interação entre pessoas
(Figura 3):
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Figura 3: Biblioteca híbrida
Fonte: Elaborado pelos autores (2024).
As Bibliotecas Híbridas atuam em prol do bom desenvolvimento informacional da comunidade
a qual está inserida, visando potencializar o acesso a informações, entendendo seus leitores como
sujeitos protagonistas e ativos na busca por informações e consequentemente na construção do seu
conhecimento.
5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O artigo apresenta uma pesquisa de natureza básica, pois não origem a uma nova
tecnologia, produto ou processo para solucionar um problema real, mas suscita discussões que
permeiam a curadoria de conteúdo informacional e a mediação implícita da informação em bibliotecas
híbridas. Por este motivo, se alinha a tipologia de pesquisa exploratória, pois há pouco conhecimento
sistematizado e acumulado nesta temática (Gil, 2019).
Tem como método a revisão de literatura realizada a partir de uma pesquisa bibliográfica A
abordagem utilizada é qualitativa, pois [...] não está direcionada a se obter generalizações do estudo
e nempreocupações fundamentais com o tratamento estatístico e de quantificações dos dados em
termos de representação e/ou índice” (Barros & Lehfeld, 2017, pp.84).
Realizou-se uma revisão de literatura objetivando delinear as referências sobre curadoria de
conteúdo, mediação da informação e bibliotecas híbridas, que estivessem no escopo da pesquisa, para
isso utilizou-se a Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação
(BRAPCI) e a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) sem delimitação temporal.
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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Mediação implícita e a curadoria de conteúdo informacional, ambas realizadas por um
profissional da informação com ou sem auxílio de ferramentas tecnológicas, utilizam-se dos
procedimentos de classificação, organização e seleção de informações para disponibilizá-las de forma
seletiva ao seu usuário, organização e/ou grupos específicos de leitores. Por isso, compreende-se que
as interrelações são estabelecidas quando elas se apropriam dos processos de organização estruturada
da informação, resultando em uma seleção direcionada de informações e de fontes de informações,
impactando em um refinamento de informações aos sujeitos informacionais, pois:
O boom informacional trouxe uma nova perspectiva, na qual o sujeito informacional passa a ser o
elemento fundamental para os serviços de informação de forma geral, já que além do surgimento
dos novos suportes da informação, surgiram, além disso, novas formas de uso e
consequentemente, de mediação da informação (Farias & Cerveira, 2019 citado em Souza &
Jorente, 2020, pp.341-342).
Uma vez que a “mediação pode ser definida como um processo que possui diferentes
abordagens e objetivos, a depender do contexto em que está inserida, das necessidades e
competências informacionais do público alvo” (Teixeira, Tadini & Alves, 2021, pp.6), e que o
entendimento de contexto “[...] sugere que os sujeitos são partes inerentes deste, porque as
estruturas de significados do contexto são construídas e alicerçadas no sujeito e seu meio” (Santos,
Arruda & Guaraldo, 2020, pp.28) entende-se que requer uma mediação informacional específica a esse
usuário.
O mediador de informação e o curador de conteúdo informacional realizam a seleção de
informações de maneira bem-organizada. Esta, é uma atividade imprescindível na sociedade
contemporânea, uma vez que será por intermédio de sua atuação - sua mediação - que as
informações serão filtradas e aquelas específicas, contidas no documento e exigidas pelo usuário,
serão disponibilizadas” (Tonello, Lunardelli & Almeida Júnior, 2012, pp.32), acrescenta-se a esta a
reflexão de Bhaskar (2020, pp.291) sobre o poder da seleção:
sabemos valorizar o poder da seleção quando vemos toda a gama de efeitos de curadoria
associados a ela. Seja para refinar grandes conjuntos, simplificar a complexidade e manter
nuances, contextualizar e explicar, ou fazer sobressair todo o poder inato das coisas através de
disposições sagazes, esses efeitos têm um impacto imenso.
Nesse contexto, atribui-se também a devida importância à mediação implícita de informações,
que é estabelecida nos bastidores dos ambientes informacionais, nas atividades meio das bibliotecas,
aquelas caracterizadas como, por exemplo, “atividades de organização e representação da
informação; da preparação física do acervo e do ambiente e das atividades de gestão” (Gomes, Reis &
Jesus, 2022, pp.8), tão necessárias aos demais desdobramentos da mediação.
Desse modo, infere-se que para fundamentar e estabelecer a relação entre os assuntos
mediação implícita e curadoria de conteúdo, se faz necessário empreender mais pesquisas e estudos
para que sejam ampliadas e aprofundadas as conexões entre os processos de mediação da informação
e Curadoria de Conteúdo Informacional, conforme iniciado no presente artigo.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudar a relação da Curadoria de Conteúdo informacional como instância de mediação
implícita da informação nas Bibliotecas Híbridas vislumbra a amplitude de possibilidades existentes de
pesquisa na CI e projeta mais uma perspectiva de pesquisa na área.
A curadoria de conteúdo informacional pode ser considerada como instância de mediação
implícita da informação por atuar no processo de seleção e organização da informação frente às
demandas dos sujeitos informacionais. Tanto a mediação implícita da informação quanto a curadoria
de conteúdo informacional ocorrem sem a presença do usuário (física ou remota), mas são processos
realizados tendo em vista o usuário, principal foco de ambos.
É possível compreender a curadoria de conteúdo informacional como possibilidade de
mediação implícita da informação pois, em ambos os processos, realiza-se também a seleção e escolha
dos recursos e suportes que serão mediados, entregues e recuperados pelo usuário.
Por meio das abordagens conceituais e diálogos estabelecidos entre as autorias referenciadas,
tem-se como perspectiva revisitar a amplitude conceitual da mediação da informação no campo da CI
e sua importância no contexto estudado, visto que se apresenta como uma temática necessária e
complexa diante as exigências atuais.
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